quinta-feira, 5 de maio de 2011

Caio Fernando Abreu

“Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.”
“Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi.”
“Quem diria que viver ia dar nisso?”
“Fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, "embonitar" a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer. E pensando mais longe, por isso mesmo literatura é sempre fraude. Quanto mais não-dita, melhor a paixão. Melhor, claro, em certo sentido que signifíca também o pior: as mais nobres paixões são também as mais cadelas, como aquelas que enlouqueceram Adele H., levaram Oscar Wilde para a prisão ou fizeram a divina Vera Fischer ser queimada feito Joana d"Arc por não ser uma funcionária pública exemplar”

Esses são alguns dos textos do dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro Caio Fernando Abreu. Batizado como Caio Fernando Loureiro Abreu, nasceu em 12/10/1948. É definido como: “escritor com estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, da angustiante solidão. Tem  uma visão dramática do mundo moderno e é considerado fotógrafo da fragmentação contemporânea".
Você pode não saber quem ele é, ou já ter ouvido seu nome, mas não sabe nem a que tipo de literatura ele se dedicou; ou ter lido uma de suas frases, dado um profundo suspiro de paixão e pensado na pessoa amada. Porém, se você tem, ou já teve Twitter, afirmo com toda a certeza: você já deu retweet em uma das frases dele.
Bom, fato é que não importa muito o que você sabe sobre esse nome de titulo, agora vou falar de um dos maiores e melhores autores do Brasil, e, do mundo.
Caio Fernando Abreu é um dos meus escritores preferidos. Não por ser um gênio das palavras ou conhecer como ninguém a lingua portuguesa. Muito pelo contrário, seus textos apresentam uma linguagem simples, de fácil entendimento. Mas não é esse o pontro que quero chegar.
Acredito, que todos nós, quando apresentados a duas pessoas diferentes, temos tendencia a gostarmos mais, ou pelo menos simpatizarmos pela pessoa que tem carascteristicas mais próximas as nossas. Não consigo muto bem explicar o porquê disso acontecer, mas acho que acontece assim. Da mesma maneira como acontece com pessoas, comigo acontece com escritores e suas obras: tendo a gostar mais daquele que tem a linguagem mais próxima a minha, ou escreve sobre algo que eu consigo entender mais profundamente, ou seja, algo que já vivi. Isso porque, durante toda a sua vida – e seus escritos, é claro – ele dedicou-se a um tema que é interesse de todos nós: o Amor.

E quando eu digo Amor, digo de todos os tipos. Entre homens, mulheres, homens e mulheres; Amor de mãe, amor ardente, amor platônico e até mesmo falta e descrença no amor. Mas, sempre girando pelo mesmo centro gravitacional.


Caio era gaúcho, nascido na cidade de Santiago – que é conhecida como "a terra dos poetas". Mas, ele decididamente não nasceu para viver numa cidadezinha pequena. Dono de uma mente inquieta interou-se por tudo um pouco. Cursou letras e artes cênicas na UFRGS, mas fez carreira como Jornalista. Durante a Ditadura Militar, exilou-se em vários países, o que contriubuiu muito para sua lírica. Segundo um de seus amigos e colega de redação, Caio escrevia o tempo todo e em todo lugar.

Suas obsessões eram as religiões diversas, as línguas, as viagens pelo mundo, as músicas, os costumes, o amor, a solidão e claro, os signos. Aliás, Caio sempre cita signos e dá nomes a alguns de seus contos através deles, como por exemplo, os contos "O dia em que Urânio entrou em Escorpião" onde – do modo que apenas ele poderia fazer – mostra todo o poder das verdadeiras amizades. E "O Dia em que Júpiter encontrou Saturno". Ou mesmo "Sim, ele deve ter um ascendente em Peixes", onde ele escreve sobre todo o medo que nos cerca nessa vida moderna das cidades grandes.

Apesar de ser um escritor completo, Caio destacou-se mesmo na área de contos. Publicou mais de vinte obras, e dentre elas, nove somente livros de contos. O maior destaque vai para "Morango Mofados" – seu quarto livro e considerado pela crítica como sua obra-prima.

Soro positivo, Caio teve uma morte muito precoce aos 47 anos, em Porto Alegre, no mesmo dia de Mario de Andrade, 25/02, porém de 1996, deixando toda a literatura brasileira órfã para sempre de sua pessoalidade-universal. Mas, deixando um legado que o coloca como um dos maiores expoentes da literatura contemporânea.

                                                                                   Juliana Lopes Barbosa Melo

Um comentário:

  1. Obrigada pelas informações Juliana, realmente precisava saber um pouco mais sobre esse artista incrível. Parabéns e continue com seu ótimo blog =)

    ResponderExcluir